UM REAL ‘INVESTIMENTO DE IMPACTO’ PARA EMPRESAS E COMUNIDADES
Os ‘investimentos de impacto’ são aqueles direcionados para a resolução de desafios concretos do Desenvolvimento Sustentável, que devem ser mensuráveis e resultantes de tomadas de decisão intencionais. Mas para que sejam identificados, estrategicamente avaliados e implementados, se faz necessário que as organizações levem efetivamente em consideração, em suas análises e decisões, fatores ambientais, sociais e de governança (ESG).
É nesse contexto que se inserem, como ‘investimentos de impacto’ pautados por reflexões ESG, ações voltadas para preservação dos ditos Serviços Ecossistêmicos (SE).
Atualmente, o termo “Serviços Ecossistêmicos” – que foi cunhado pela primeira vez na década de 80 – significa “os benefícios que as pessoas, incluindo as empresas, obtêm dos ecossistemas” (Milenium Ecosystem Assessment – MEA). Ou seja, ao se falar em SE, imediatamente há que se considerar seus potenciais beneficiários, relacionando-se diretamente, portanto, fatores ‘E’ a fatores ‘S’ de investimentos e práticas ESG.
A MEA (2005) classificou os SE em quatro categorias: suporte, regulação, provisão e culturais. Os serviços de suporte mantêm os habitats dos seres vivos e sua diversidade genética e, portanto, representam a base da manutenção das outras categorias (ciclagem de nutrientes, produção primária, manutenção da biodiversidade, entre outros). Os serviços de regulação estão diretamente relacionados à capacidade de se regular os processos naturais e o meio ambiente, como o controle de eventos extremos (como cheias), a manutenção da drenagem, irrigação e precipitação natural, e a manutenção do clima e do balanço de gases na atmosfera. Os serviços de provisão se referem àqueles que são diretamente explorados pela sociedade, tal qual a obtenção de água, alimentos e combustíveis. E os serviços culturais dizem respeito aos bens não-materiais que a sociedade adquire da natureza, tais como lazer e turismo, além daqueles relacionados com os laços produzidos pela interação entre as pessoas e a natureza ao longo dos séculos, como valores espirituais, culturais, educacionais e geração de conhecimento (formal e tradicional).
Portanto, para se assegurar a provisão de SE, é necessário que se gere um saldo positivo na extensão e funcionamento dos ecossistemas naturais por meio do investimento na recuperação ambiental, incluindo a restauração ecológica. Ou seja, se utilizar uma grande diversidade de espécies visando não apenas aumentar a cobertura vegetal de determinada área, mas também recuperar o funcionamento ecológico daquela região.
Nesse contexto, para apresentar a nossos clientes alternativas de investimentos de impacto que possam beneficiar os SE e, por consequência, seus beneficiários, a Ferreira Rocha desenvolveu metodologia calcada em cinco passos subsequentes:
• Desenvolver diagnóstico dos SE tomando partido dos diagnósticos e monitoramentos ambientais e socioeconômicos porventura já elaborados para subsidiar o processo de licenciamento ambiental, procurando-se, no entanto, caracterizar, de forma atualizada, os SE nas quatro tipologias acima identificadas;
• Verificar quais desses SE são/foram impactados pelas operações de nossos clientes – e por outras atividades no território – e com que magnitude;
• Checar essas avaliações de escritório com entrevistas de percepção junto aos stakeholders comunitários e institucionais, associando-se, assim, as óticas técnica e de percepção que conjugam os serviços ofertados pela natureza aos benefícios que trazem para seus usuários;
• Propor formas de ação voltadas para alavancar alternativas de restauração ecológica, priorizando-as à luz da gradação de magnitude de impactos derivada do diagnóstico técnico e participativo;
• Discutir e validar essas alternativas inicialmente com nossos clientes e, na sequência, com os reais beneficiários dos SE. Lembra-se que as próprias organizações podem ser positivamente impactadas por várias dessas ações que, por exemplo, resultem na preservação de recursos naturais que garantam a continuidade de suas operações, tais como os efeitos benéficos de uma maior regulação climática sobre a manutenção das vazões em uma bacia hidrográfica para fins de geração de energia.
O Projeto Serrote, da Mineração Vale Verde (MVV), já em operação, localiza-se em Alagoas, compreendendo mina a céu aberto e usina para o beneficiamento de minério e produção de concentrado de cobre. Os trabalhos da Ferreira Rocha foram desenvolvidos para atender às diretrizes de ação estabelecidas pelos Padrões de Desempenho da International Finance Corporation (IFC) e, por conseguinte, dos Princípios do Equador que pautam os agentes financiadores do empreendimento.
Outro case de sucesso se refere ao delineamento estratégico, para a União Química Farmacêutica Nacional, da tomada de decisão empresarial prévia no sentido de se plantar um milhão de mudas ao longo de 15 (quinze) anos. A partir de um pré-diagnóstico fundamentado em análise georreferenciada de imagens de satélite nas áreas de influência direta das diferentes operações da empresa no Brasil, foram detectadas áreas onde esse plantio passará a ter um real efeito positivo tanto para o ambiente, quanto para os beneficiários dos serviços naturais enriquecidos por esses plantios.
Em suma, a partir de um pensamento estratégico concatenado com o cumprimento de obrigações de licenciamento ambiental, de compromissos frente a agentes financiadores, ou mesmo com a colocação em prática de tomadas de decisão empresariais em busca de aderências explícitas à cultura ESG tão valorizada atualmente no mercado, a Ferreira Rocha busca, com sucesso, efetivamente contribuir para a geração de valor compartilhado para nossos clientes e a população dos territórios onde atuam.
Significa, em outras palavras, valorizar os investimentos econômico-financeiros das empresas para que passem a ter um sentido e um impacto maiores para a alavancagem de regiões e a melhoria da qualidade de vida de suas populações, materializando as organizações como efetivos fomentadores do Desenvolvimento Sustentável. Como consequência, e mediante a devida divulgação estratégica e sinérgica dessas iniciativas, os níveis de legitimação social dos empreendimentos também serão privilegiados.
Muito obrigado pela sua leitura!
Delfim Rocha
Diretor Executivo
Ferreira Rocha Assessoria e Serviços Socioambientais